Nascida em família tradicional caiçara de São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo, Angélica Oliveira Souza é atualmente uma das poucas nativas que ainda realiza a salga de peixe, da qual podemos saborear deliciosos pratos tradicionais como o famoso “Peixe Seco”.

Seguindo uma tradição antiga, ensinada por sua avó paterna que salgava peixes para consumo próprio e também para comercialização, Angélica convive diariamente com o mar, gerando fonte de renda para sua família e aproveitando os recursos naturais que o nosso litoral proporciona.

Tainha, Parati, Bonito, Cara Pau, Manjuba. Essas são algumas das espécies trabalhadas na salga pela caiçara que exerce a pesca artesanal junto aos pescadores locais, um dos ofícios que aprendeu com seu pai aos nove anos de idade. As idas ao mar rendem em aproximadamente 200kg de peixe salgados por mês.

Segundo Angélica, as condições climáticas e a época de certos pescados influenciam muito na quantidade de peixe que salgo. Faço sozinha todo o trabalho de salga, e é uma das sensações mais prazerosas, pois trabalhar com o que gosta, de frente para o mar, é um privilégio.

Feiras gastronômicas, mostras culturais em escolas e festejos caiçaras já são parte dos eventos que Angélica participa constantemente, fazendo sucesso também ao ministrar oficinas sobre a mágica técnica da salga.

O método usado é a salga úmida, espalmando o peixe seco pelas costas. É criada uma camada de sal fino intercalando os peixes, iniciando o processo de desidratação durante três dias. Após a salmoura, o peixe é levado para a cura de no mínimo dois dias no sol, com todo o cuidado necessário para entregar o peixe seco caprichado.

“Continuarei seguindo os costumes que aprendi, com o intuito de repassar as práticas para futuras gerações, valorizando assim a rica cultura caiçara”, finaliza a caiçara.