No dia 7 de setembro, a partir das 5.30 da manhã, os pescadores foram chegando lentamente, deixando faixas, suprimentos, cartazes e dialogando com os policiais posicionados em frente à Delegacia de Polícia Militar Ambiental de São Francisco, distrito de São Sebastião, onde se reuniram para cobrar a reordenação das leis da pesca, melhores condições de trabalho e respeito pela profissão.

O movimento que foi considerado pacífico, apesar de terem sido registrados alguns momentos de tensão entre policiais e pescadores, contou com a presença dos  profissionais de Ilhabela e Caraguatatuba unidos à Colônia Z14 de São Sebastião, na divulgação das 5 propostas e do manifesto, documentos distribuídos aos motoristas que passavam pela SP 55.

Há anos os pescadores lutam para que o Estado e o Governo Federal revejam as leis, decretos, normas e portarias que prejudicam o setor pesqueiro e colocam a pesca artesanal em situação de marginalidade frente às abordagens da Polícia Ambiental que segue apreendendo a produção, redes e barcos por não terem instruções para reconhecer que os pescadores são amparados por normas internacionais como a Convenção OIT169 que trata da melhoria das condições de trabalho, educação, vida e saúde. Esta lei  inclui o respeito aos valores, práticas e aos planos de desenvolvimento econômico global das regiões onde moram e pescam.

Antonio Fernandes,  pescador da Costa Sul e representante do setor de pesca da Secretaria do Meio Ambiente de São Sebastião, afirmou que o manifesto é justo e destacou as cinco propostas dos pescadores, como a garantia do uso do território pesqueiro e o  plano de manejo da APA, Área de Proteção Ambiental, a regulamentação e fomento da atividade pesqueira, regularização da frota paulista, revogação de leis que não condizem com a realidade da pesca na região e moratória até que o governo regularize a atividade pesqueira em São Paulo.

Para o pescador ilhabelense, Felipe Caranha, também é preciso rever a Lei 56/84 da extinta  Sudepe que continua sendo utilizada como legislação para pressionar o pescador, em detrimento do Código de Pesca e Aquicultura, Lei 11.165 de 2002, que regulamenta, ampara e fomenta a atividade pesqueira. 

Para finalizar a manifestação, o prefeito Felipe Augusto se posicionou em defesa do pescador e solicitou a formação de uma comissão para encaminhar as reivindicações do manifesto ao Governo Federal e Estadual. O prefeito também se comprometeu a reunir suas assessorias de pesca, justiça e meio ambiente para compor um arrazoado da legislação em vigor que, por ser anacrônica e complexa, prejudica a atividade artesanal pesqueira no Litoral Norte. Na oportunidade, convidou para ajudar a equipe, o professor e advogado Eduardo Hipólito do Rego, também presente no manifesto.

O evento contou com a presença de lideranças de pescadores,  entre elas, da presidente Janete Serpa, da Colônia Z14,  do representante Caetano de Almeida Júnior, da Colônia Z8 de Caraguatatuba, da presidente Benedita Aparecida Leite Costa, da Colonia Z6 de Ilhabela e do vice presidente da Federação das Colônias, Jerri Morais, da Colônia  Z10 de Ubatuba.