Marcello Ver\u00edssimo<\/strong><\/p>\n\n\n\nA sociedade civil organizada em parceria com especialistas, ambientalistas, representantes do PEA (Programa de Educa\u00e7\u00e3o Ambiental) do Porto de S\u00e3o Sebasti\u00e3o e Costa Verde da Petrobras, se reuniram na \u00faltima semana de julho para formalizar suas conclus\u00f5es sobre a 1\u00ba Expedi\u00e7\u00e3o Educacional ao C\u00f3rrego M\u00e3e Izabel, realizada no dia 20 de julho. A a\u00e7\u00e3o faz parte de uma s\u00e9rie de iniciativas, como condicionantes, que surgiram em decorr\u00eancia do plano de dragagem do porto sebastianense. Em janeiro deste ano, teve in\u00edcio a 2\u00aa fase do PEA. As reuni\u00f5es acontecem periodicamente por meio do Google Meet, aplicativo que permite chamadas de v\u00eddeo com at\u00e9 100 pessoas, por at\u00e9 60 minutos gratuitamente.<\/p>\n\n\n\n
De acordo com os ambientalistas, os relat\u00f3rios desta a\u00e7\u00e3o v\u00e3o contextualizar a realiza\u00e7\u00e3o de campanha de conscientiza\u00e7\u00e3o ambiental contra o descarte irregular de lixo origin\u00e1rio de a\u00e7\u00f5es na terra e no mar. A expedi\u00e7\u00e3o ocorreu durante uma caminhada que come\u00e7ou na jun\u00e7\u00e3o das nascentes do c\u00f3rrego at\u00e9 sua desembocadura na parte norte do mangue, em um trajeto com mais de tr\u00eas quil\u00f4metros. \u201cNa 1\u00aa fase, o Ara\u00e7\u00e1 n\u00e3o estava inclu\u00eddo neste programa. Em contato com as comunidades, o PEA estabeleceu a realiza\u00e7\u00e3o do monitoramento ambiental comunit\u00e1rio\u201d, dizem os especialistas.<\/p>\n\n\n\n
Ap\u00f3s o contato com representantes da comunidade, os especialistas entenderam que a participa\u00e7\u00e3o dos moradores \u00e9 de extrema import\u00e2ncia para a cria\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas, campanhas educativas, que melhorem a infraestrutura e a qualidade de vida na regi\u00e3o. \u201cA comunidade nos disse que quem entende dos problemas daquele territ\u00f3rio s\u00e3o eles que moram l\u00e1. N\u00f3s ajudamos com relat\u00f3rios, traduzindo informa\u00e7\u00f5es\u201d. <\/p>\n\n\n\n
Humberto Sales, um dos representantes da comunidade do Varadouro, conhece bem esses problemas a que os ambientalistas se referem e com os quais convive \u201cdesde que se conhece por gente\u201d, como ele mesmo diz. Cai\u00e7ara nativo, nascido e criado em S\u00e3o Sebasti\u00e3o, ele diz que, ao longo dos anos, s\u00e3o feitos diversos estudos e os danos ao meio ambiente permanecem. \u201cOs problemas ficam l\u00e1. Temos que agir em conjunto para pedir provid\u00eancias ao Minist\u00e9rio P\u00fablico, ao Ibama e \u00e0 nossa prefeitura\u201d.<\/p>\n\n\n\n
Humberto ainda cita o chorume que \u00e9 despejado dentro do mar ao lado da \u00e1rea da empresa de lixo, conhecido por Beco do Urubu, na foz do C\u00f3rrego M\u00e3e Izabel, um dos pontos em que usu\u00e1rios de crack se re\u00fanem na regi\u00e3o central, que fica quase na entrada da Topol\u00e2ndia, sem fiscaliza\u00e7\u00e3o, al\u00e9m do emiss\u00e1rio submarino, velho conhecido da comunidade, entre outros fatores. \u201cTudo contribui para ficar pior. O problema \u00e9 grande e gera uma rea\u00e7\u00e3o em cadeia\u201d, completa Humberto, que \u00e9 favor\u00e1vel \u00e0 realiza\u00e7\u00e3o de campanhas educativas \u00e0 comunidade. \u00a0\u00a0<\/p>\n\n\n\nGrupo de participantes da Expedi\u00e7\u00e3o ao C\u00f3rrego M\u00e3e Izabel<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\nA comiss\u00e3o da comunidade conta com representantes da \u00e1rea que envolve o mangue do Ara\u00e7\u00e1; unindo moradores da Topol\u00e2ndia, do Centro, Pitangueiras at\u00e9 a praia do Guaec\u00e1. O mangue do Ara\u00e7\u00e1 \u00e9 de extrema import\u00e2ncia para todo o sudeste brasileiro por ser ber\u00e7\u00e1rio de in\u00fameras esp\u00e9cies marinhas, entre elas o camar\u00e3o rosa, que procria no Canal de S\u00e3o Sebasti\u00e3o. De acordo com os moradores, o mar se tornou um grande receptor de lixo, incluindo o descarte por embarca\u00e7\u00f5es. \u201cChegamos ao fundo do po\u00e7o. Ou a gente se afoga ou toma jeito\u201d, eles alertam.<\/p>\n\n\n\n
Os manguezais precisam ser preservados porque influenciam no combate \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e na preserva\u00e7\u00e3o da biodiversidade. Mas n\u00e3o \u00e9 isso que, na pr\u00e1tica, acontece no Ara\u00e7\u00e1 e seu entorno. Fotos, v\u00eddeos e \u00e1udios que circulam por aplicativos de mensagem aos quais o Bandeirante <\/strong>obteve acesso,revelam a situa\u00e7\u00e3o de calamidade em que se encontra o Ara\u00e7\u00e1 e seus arredores. \u201cUma quadra de esporte, um a\u00e7ougue, o Cras, mais a frente duas escolas, creche e esse fedor. Como as crian\u00e7as que estudam aqui vivem? Isso \u00e9 g\u00e1s podre. O mau cheiro \u00e9 g\u00e1s e \u00e9 um g\u00e1s contaminante, que acaba com a sua sa\u00fade. Tudo errado!\u201d, diz Izaneide Sales dos Santos, pintora e trabalhadora rural, moradora do Ara\u00e7\u00e1. <\/p>\n\n\n\nO bi\u00f3logo marinho, Felipe Postuma, que atua no departamento de Pesca da Prefeitura de S\u00e3o Sebasti\u00e3o, acompanha o andamento das reuni\u00f5es, mas diz que n\u00e3o pode emitir um posicionamento oficial sobre o assunto. Postuma diz que sua participa\u00e7\u00e3o \u00e9 com rela\u00e7\u00e3o para viabilizar a constru\u00e7\u00e3o do rancho de pescadores do Ara\u00e7\u00e1, entre outras quest\u00f5es relacionadas ao que acontece no mar.<\/p>\n\n\n\n\u00c1rea do Itatinga contaminada por lixo \u00b4qu\u00edmico da Petrobras<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\nRealidade Perturbadora \u2013 <\/strong>Outra realidade perturbadorapara os moradores nos arredores do Ara\u00e7\u00e1, al\u00e9m da polui\u00e7\u00e3o ambiental, \u00e9 a chamada \u201c\u00e1rea de contamina\u00e7\u00e3o do Itatinga\u201d, um dos bairros mais populosos de S\u00e3o Sebasti\u00e3o, que integra o complexo dos bairros da Topol\u00e2ndia, na regi\u00e3o central do munic\u00edpio. O caso \u00e9 um antigo conhecido de autoridades p\u00fablicas, da Petrobras, Cetesb, Minist\u00e9rio P\u00fablico e tamb\u00e9m da popula\u00e7\u00e3o. Os res\u00edduos apareceram em 2006 e, desde ent\u00e3o, moradores apontam os impactos na sa\u00fade e alguns tiveram que sair de suas casas.<\/p>\n\n\n\nDe l\u00e1 para c\u00e1, quem vive na regi\u00e3o convive com diversos rounds referentes ao problema. Em 2019, por exemplo, a Petrobras pagou R$ 7,5 milh\u00f5es \u00e0 Cetesb pela contamina\u00e7\u00e3o por res\u00edduos de petr\u00f3leo. O pagamento \u00e9 parte das exig\u00eancias do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que foi assinado entre a empresa e o MP pela recupera\u00e7\u00e3o da \u00e1rea.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m da quantia, o Bandeirante <\/strong>apurou que a estatal teria que executar um plano de remedia\u00e7\u00e3o na \u00e1rea isolada, projetos sociais na regi\u00e3o para tentar minimizar os impactos do transtorno, al\u00e9m de estudos sobre os efeitos da exposi\u00e7\u00e3o dos res\u00edduos aos moradores, entre outras a\u00e7\u00f5es. Mas pouco ou quase nada foi feito at\u00e9 agora.<\/p>\n\n\n\nFoz do C\u00f3rrego M\u00e3e Izabel, onde a polui\u00e7\u00e3o est\u00e1 concentrada. <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\nA \u00c1rea \u2013 <\/strong>Evaldo Pereira, um dos representantes da comunidade mais conhecedor do caso, mora em frente a \u00e1rea contaminada, de aproximadamente 15 mil metros quadrados, no pol\u00edgono entre as ruas Tancredo Neves, J\u00falio Prestes de Albuquerque, Benedito Pedro dos Santos e a avenida Itatinga. Ele convive com os transtornos causados pela contamina\u00e7\u00e3o de perto. \u201c\u00c9 o bairro do Itatinga inteiro, desde o Centro Josiane Pereira dos Santos at\u00e9 a Rua J\u00falio Prestes de Albuquerque\u201d, explica o morador. <\/p>\n\n\n\nCaminhando com ele pelo local, pode-se entender mais sobre o assunto. A \u00e1rea \u00e9 formada por dois terrenos com uma pequena eleva\u00e7\u00e3o, separados por uma regi\u00e3o de v\u00e1rzea, onde existe um c\u00f3rrego, que tamb\u00e9m deve estar comprometido.<\/p>\n\n\n\n
Ambientalistas dizem que o curso-d\u2019\u00e1gua contaminada \u00e9 um dos afluentes do c\u00f3rrego M\u00e3e Izabel, citado no in\u00edcio desta reportagem, que des\u00e1gua na Ba\u00eda do Ara\u00e7\u00e1, o principal ecossistema de mangue do Canal de S\u00e3o Sebasti\u00e3o. \u00c0 \u00e9poca, o ent\u00e3o secret\u00e1rio municipal de Meio Ambiente, T\u00e9o Balieiro, disse em entrevista que somente com mais investiga\u00e7\u00f5es seria poss\u00edvel apontar com precis\u00e3o o tamanho da \u00e1rea afetada. Em agosto de 2006, a Petrobras realizou uma an\u00e1lise no ar em 62 casas no entorno da \u00e1rea de maior risco, em dois outros pontos do bairro e em mais seis no centro de S\u00e3o Sebasti\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Naquele ano, segundo o estudo, foi descartada a presen\u00e7a de agentes qu\u00edmicos (como benzeno, tolueno e xileno). Ainda de acordo com a Petrobras, tamb\u00e9m foram feitos exames laboratoriais, no Brasil e na It\u00e1lia, que afastaram a possibilidade de efeitos negativos na sa\u00fade humana.<\/p>\n\n\n\n
Mas at\u00e9 hoje, em 2021, os moradores contestam essa vers\u00e3o e dizem que os efeitos dos reagentes qu\u00edmicos desencadearam uma s\u00e9rie de transtornos para a sa\u00fade de quem vive no local. \u201c\u00c9 um cheiro de borra insuport\u00e1vel que vem. N\u00e3o tem escapat\u00f3ria, n\u00e3o tem como filtrar, \u00e9 um produto qu\u00edmico, \u00e9 vol\u00e1til. Pensa em veneno de rato, se jogar chumbinho dentro de uma \u00e1gua e tirar, o que aconteceu com \u00e1gua? Fica contaminada, mata do mesmo jeito\u201d, analisa Evaldo Pereira, que diz ainda tratar-se de omiss\u00e3o da Petrobras e outras autoridades. \u201cOs promotores dizem que n\u00e3o s\u00e3o t\u00e9cnicos e o que eles [a Petrobras] disserem que \u00e9, \u00e9 e n\u00e3o podemos fazer nada, ent\u00e3o o que a promotoria est\u00e1 fazendo?\u201d, ele questiona. O caso Itatinga, como \u00e9 conhecido, \u00e9 considerado uma das maiores contamina\u00e7\u00f5es pela Petrobras no estado de S\u00e3o Paulo. \u201cA Petrobras parece que n\u00e3o aceita que contaminou os moradores, o bairro, o solo e subsolo mesmo com an\u00e1lises e estudos, feitos pela pr\u00f3pria Cetesb, mostrando que sim\u201d, completa Evaldo. Ele tamb\u00e9m diz que, com base em uma nova decis\u00e3o judicial, foi determinado a realiza\u00e7\u00e3o de uma nova an\u00e1lise da Cetesb no local. \u201cO que est\u00e1 acontecendo? Em 2016, eles informaram que a \u00e1rea estava contaminada e at\u00e9 hoje nada. Vamos ver o que a Cetesb vai falar agora\u201d. \u00a0\u00a0\u00a0<\/p>\n\n\n\n <\/figure><\/li><\/ul>Evaldo Pereira, constata degrada\u00e7\u00e3o do solo <\/figcaption><\/figure>\n\n\n\nEvaldo Pereira acredita que seria preciso um estudo feito por institui\u00e7\u00f5es s\u00e9rias e importantes, como a USP, para propor uma solu\u00e7\u00e3o definitiva para o caso. \u201cEsse material \u00e9 cancer\u00edgeno! Tem muita gente contaminada, mais de 40 pessoas j\u00e1 perderam a vida por essa contamina\u00e7\u00e3o. Foi daqui? N\u00e3o foi, mas a semelhan\u00e7a \u00e9 muito grande. Os moradores que morreram com leucemia mieloide, problemas no c\u00e9rebro, neoplasias, \u00e9 muita gente em um lugar s\u00f3. Elas morrem com os mesmos problemas de quem trabalha em petrol\u00edferas, intoxica\u00e7\u00e3o por benzeno. Eu moro em cima de uma \u00e1rea contaminada. H\u00e1 1 quil\u00f4metro de dist\u00e2ncia, no Mirante do Itatinga, tamb\u00e9m havia pessoas passando mal. O bairro inteiro est\u00e1 contaminado. \u00c9 um crime ambiental em cima do outro\u201d, alerta Evaldo, que diz ainda ter feito exames que comprovam sua intoxica\u00e7\u00e3o por benzeno.<\/p>\n\n\n\n
Apesar de conhecer o problema e sentir os efeitos na sa\u00fade, a popula\u00e7\u00e3o ainda fica receosa em conversar com a imprensa sobre o assunto. S\u00f3 concordam em falar quando confiam e possuem certeza que n\u00e3o temos rela\u00e7\u00e3o com a Petrobras ou qualquer liga\u00e7\u00e3o com o governo. \u201cEsse problema n\u00e3o pode ficar parado. A Petrobras pegou as melhores \u00e1reas de S\u00e3o Sebasti\u00e3o e contaminou outras, essa responsabilidade n\u00e3o pode ser tirada da empresa, pois \u00e9 dela sim! Mesmo sendo outras pessoas que transportaram (o material da Petrobr\u00e1s), as pessoas que morreram, que est\u00e3o doentes e as que ainda v\u00e3o ficar doentes \u00e9 culpa dela sim e ela tem uma responsabilidade sobre isso. N\u00e3o pode ficar parado do jeito que est\u00e1\u201d, diz Izaneide.<\/p>\n\n\n\n
Morador no Itatinga h\u00e1 20 anos, o sapateiro Jos\u00e9 Paulo \u00e9 outro que diz sentir os efeitos da \u00e1rea contaminada em sua sa\u00fade. \u201cA polui\u00e7\u00e3o incomoda, aqui n\u00e3o conseguimos nem trabalhar quando est\u00e3o mexendo na \u00e1rea. O cheiro \u00e9 forte, lacrimeja os olhos, provoca n\u00e1usea e dor de cabe\u00e7a forte\u201d. \u201cNingu\u00e9m aguenta o cheiro do g\u00e1s, v\u00e1rias vezes tem pessoas passando mal, temos que chamar a pol\u00edcia e socorro, quem socorre as pessoas passando mal s\u00e3o os pr\u00f3prios moradores\u201d, diz Jos\u00e9. <\/p>\n\n\n\n
O comerciante Jonatan Misael, que mora no bairro h\u00e1 4 anos, tamb\u00e9m diz sentir mau cheiro forte com frequ\u00eancia. \u201cAs pessoas reclamam muito de fadiga, dor de cabe\u00e7a, nos arredores sempre tem algu\u00e9m passando mal por causa dos poluentes, inclusive minha esposa tamb\u00e9m j\u00e1 sentiu alguns sintomas\u201d. <\/p>\n\n\n\n
Sem Resposta – <\/strong>A dona de casa Solange de Campos, moradora no Itatinga h\u00e1 30 anos, tamb\u00e9m sentiu na pele os efeitos da \u00e1rea contaminada perto de sua resid\u00eancia. Com muito pesar, ela diz que sua m\u00e3e faleceu em 2004 v\u00edtima de infarto fulminante. \u201cEm 2006, meu pai manifestou c\u00e2ncer na cabe\u00e7a. Lembro que come\u00e7aram a aparecer res\u00edduos pretos do solo. \u00c9 muita coincid\u00eancia\u201d, diz a moradora, que, por diversas vezes, pediu \u00e0 Petrobras para realizar an\u00e1lises do solo. \u201cComo que foi feito? Na minha casa nunca entraram e disseram que neste ponto da rua n\u00e3o precisa\u201d. De 2006, ap\u00f3s a descoberta da contamina\u00e7\u00e3o, at\u00e9 agora a moradora conta que pelo menos 12 pessoas vizinhas faleceram de infarto ou c\u00e2ncer pela rua. \u201cH\u00e1 poucos meses fizemos um novo pedido para a Petrobras vir analisar o solo, plantamos aqui no nosso jardim, estamos comendo, mas eles responderam dizendo que n\u00e3o pois j\u00e1 foi tudo analisado, que n\u00e3o estamos na \u00e1rea vermelha\u201d. Ela conta que, principalmente do lado esquerdo, onde acontecem as escava\u00e7\u00f5es, seu im\u00f3vel est\u00e1 \u201ccom rachaduras imensas em colunas de sustenta\u00e7\u00e3o, est\u00e1 tudo rachado, sempre na dire\u00e7\u00e3o da escava\u00e7\u00e3o\u201d. \u201cMinha lavanderia tamb\u00e9m est\u00e1 rachada, os azulejos est\u00e3o se deslocando\u201d, diz ela, que, inclusive, tamb\u00e9m j\u00e1 reformou a estrutura da coluna que est\u00e1 rachando. <\/p>\n\n\n\nSolange conta que ainda hoje sofre com infec\u00e7\u00e3o urin\u00e1ria, faz exames trimestrais e espera que o problema seja resolvido definitivamente. \u201cN\u00e3o sabemos onde vivemos. Nas reuni\u00f5es realizadas, muita gente disse que sofre doen\u00e7as decorrentes da contamina\u00e7\u00e3o, como o c\u00e2ncer, al\u00e9m dos falecimentos. Sabemos que na rua moram pessoas de idade, mas morreram de 12 a 15 pessoas praticamente da mesma causa\u201d, ela analisa.<\/p>\n\n\n\n
O que dizem os citados \u2013 <\/strong>Em um documento datado de 2014, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de S\u00e3o Paulo) reconhece a realiza\u00e7\u00e3o de a\u00e7\u00f5es de gerenciamento e remedia\u00e7\u00e3o da \u00e1rea contaminada do Itatinga no Termo de Compromisso firmado com o Minist\u00e9rio P\u00fablico Estadual. De acordo com a companhia, foi realizada a Investiga\u00e7\u00e3o Confirmat\u00f3ria Estendida com in\u00edcio nos im\u00f3veis da rua J\u00falio Prestes de Albuquerque, n\u00ba 41 e 45. Dois anos depois, em fevereiro de 2016, a Cetesb solicitou o diagn\u00f3stico em alguns im\u00f3veis espec\u00edficos para atender reclama\u00e7\u00e3o de morador vizinho \u00e0 \u00e1rea em remedia\u00e7\u00e3o, que observou em seu terreno a ocorr\u00eancia de res\u00edduo oleoso. \u201cEsta investiga\u00e7\u00e3o ocorreu no limite do que foi a antiga \u00e1rea aterrada, na transi\u00e7\u00e3o para as \u00e1reas de extra\u00e7\u00e3o de rochas como material de empr\u00e9stimo. A aus\u00eancia de res\u00edduos em sondagens muito pr\u00f3ximas, sugere que estas ocorr\u00eancias apresentam dimens\u00f5es milim\u00e9tricas a centim\u00e9tricas com distribui\u00e7\u00e3o restrita e s\u00e3o, provavelmente, resultantes da remobiliza\u00e7\u00e3o do material durante o aterro da \u00e1rea\u201d.<\/p>\n\n\n\nOu seja, segundo a Cetesb, as an\u00e1lises cl\u00ednicas indicaram a presen\u00e7a de naftaleno acima do valor de interven\u00e7\u00e3o em 3 pontos nos dois im\u00f3veis investigados com concentra\u00e7\u00f5es de at\u00e9 11,15mg\/kg. \u201cAs ocorr\u00eancias de naftaleno no solo tamb\u00e9m se apresentam de forma pontual e continua\u201d. Na \u00e9poca os trabalhos de amostragem do solo ocorreram entre 12 e 15 de abril de 2016. Questionada se existem novas informa\u00e7\u00f5es sobre o assunto, a Cetesb n\u00e3o se manifestou. <\/p>\n\n\n\n
Em outro documento que o Bandeirante<\/strong> teve acesso, Fl\u00e1vio Barbosa Bezerra, ent\u00e3o coordenador de passivos ambientais da Petrobras, comunicou Nicanor Barros Maia, na \u00e9poca gerente da ag\u00eancia ambiental da companhia em S\u00e3o Sebasti\u00e3o, sobre a investiga\u00e7\u00e3o e que o resultado dos estudos foi comunicado aos moradores. A Petrobrastamb\u00e9m n\u00e3o se pronunciou.<\/p>\n\n\n\nO Porto de S\u00e3o Sebasti\u00e3o informou em nota que a preserva\u00e7\u00e3o do meio ambiente \u00e9 uma prioridade em suas a\u00e7\u00f5es. Entre as a\u00e7\u00f5es, que visam sua conserva\u00e7\u00e3o, a nota diz realiza do Programa de Gerenciamento de Res\u00edduos S\u00f3lidos \u2013 PGRS, cujo objetivo \u00e9 estabelecer os procedimentos para o tratamento dos res\u00edduos, abrangendo diferentes etapas do gerenciamento, desde o acondicionamento, transbordo, transporte, segrega\u00e7\u00e3o e armazenamento at\u00e9 a pesagem, controle e invent\u00e1rio dos res\u00edduos gerados nas instala\u00e7\u00f5es administrativas e operacionais no porto, incluindo aqueles gerados em embarca\u00e7\u00f5es com vistas \u00e0 preven\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o e a sa\u00fade e seguran\u00e7a dos trabalhadores.<\/p>\n\n\n\n
O porto ainda possui o Programa de Educa\u00e7\u00e3o Ambiental \u2013 PEA para disseminar a pr\u00e1tica e o conhecimento t\u00e9cnico da preserva\u00e7\u00e3o do meio ambiente \u00e0s comunidades locais, principalmente, a portu\u00e1ria, para que adotem e pratiquem o que \u00e9 preconizado em nossos programas de preserva\u00e7\u00e3o ambiental. Ainda de acordo com o porto, essa contribui\u00e7\u00e3o do PEA \u00e9 realizada de forma did\u00e1tica, por meio de atividades como: campanhas em datas comemorativas, di\u00e1logos com os colaboradores, impressos educativos, palestras din\u00e2micas, reuni\u00f5es de esclarecimentos, workshops, instala\u00e7\u00e3o de contentores para res\u00edduos especiais (bitucas, pilhas e baterias, etc..), mutir\u00f5es de limpeza e parcerias com entidades ambientalistas, poder p\u00fablico e institui\u00e7\u00f5es de ensino para realiza\u00e7\u00e3o de campanhas com o p\u00fablico externo.<\/p>\n\n\n\n
O porto tamb\u00e9m diz que na atividade de dragagem de manuten\u00e7\u00e3o, optou-se pela deposi\u00e7\u00e3o do material dragado em um dique constru\u00eddo na \u00e1rea interna do porto, visando reduzir o impacto ambiental que poderia ocorrer, caso esse material fosse lan\u00e7ado em \u00e1rea mar\u00edtima como \u00e9 feito em outros portos. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Por Marcello Ver\u00edssimo A sociedade civil organizada em parceria com especialistas, ambientalistas, representantes do PEA (Programa de Educa\u00e7\u00e3o Ambiental) do Porto de S\u00e3o Sebasti\u00e3o e Costa Verde da Petrobras, se reuniram na \u00faltima semana de julho para formalizar suas conclus\u00f5es sobre a 1\u00ba Expedi\u00e7\u00e3o Educacional ao C\u00f3rrego M\u00e3e Izabel, realizada no dia 20 de julho. […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[1],"tags":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p8C55D-1aT","jetpack-related-posts":[{"id":22,"url":"https:\/\/obandeirante.com.br\/?p=22","url_meta":{"origin":4519,"position":0},"title":"Um Porto em expans\u00e3o.","date":"16 de mar\u00e7o de 2016","format":false,"excerpt":"O munic\u00edpio de S\u00e3o Sebasti\u00e3o tem um porto p\u00fablico administrado pela Companhia Docas de S\u00e3o Sebasti\u00e3o vinculada \u00e0 Secretaria de Estado de Log\u00edstica e dos Transportes de S\u00e3o Paulo. \u00c9 considerado o terceiro mais importante porto do mundo em profundidade e localiza\u00e7\u00e3o e recebe os maiores navios do mundo. 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