Garoupas mães criadas em cativeiro

A Associação Ambientalista Terra Viva, organização sem fins lucrativos, fundada em 2006, lançou nas encostas da Ilha das Cabras, no dia 10 de novembro, os primeiros filhotes de garoupas da espécie brasileira Epinephelus marginatus, criadas em cativeiro e que se encontram listadas como ameaçadas de extinção na costa marítima brasileira, pela Portaria MMA 445/2014.

Sob o olhar atento e emocionado dos representantes da imprensa que acompanharam o evento, a bióloga Melissa Santana e mergulhadores colocaram nas tocas das encostas rasas da ilha, dezenas de pequenas garoupas com idade aproximada de 9 meses, medindo 20cm de comprimento. Neste novo ambiente, possivelmente livres de predadores, elas poderão se alimentar de crustáceos, pequenos peixes e moluscos, ganharão peso e tamanho e poderão procriar, contribuindo para a conservação dessa espécie e do seu ecossistema, itens determinados no projeto que são os objetivos dos seus responsáveis e idealizadores.

A criação de peixes em cativeiro é muito comum no Brasil em água doce, mas o repovoamento de garoupas no mar é a única iniciativa brasileira que toma forma em Ilhabela depois de anos de estudo e pesquisa em produção de alevinos. A espécie é bem conhecida pelos pescadores e mergulhadores do sudeste, tem grande valor no mercado e é muito apreciada na culinária regional.

A bióloga Melissa Santana pronta para o lançamento das pequenas garoupas

Segundo Claudia Kerber, veterinária responsável pelo projeto na Atevi, as ações são importantes para reequilibrar as degradações ambientais no mar e o repovoamento, bem como o defeso, são ferramentas necessárias para garantir a sobrevida marinha. A intenção, segundo a veterinária, é lançar em março de 2019, 20 mil alevinos marcados geneticamente que serão acompanhados pelo período dois anos, até alcançarem a fase de maturidade sexual, quando estarão procriando em ambiente natural e podem alcançar até 60 quilos.

A veterinária Clauda Kerber acondicionando os peixes para lançamento

O laboratório situado em Ilhabela, referência em muitos países e universidades, está aberto para receber estudantes da rede local de ensino para ações de educação ambiental. As atividades científicas contam com a parceria do Instituto de Pesca de São Paulo, do Laboratório de Genética de Peixes da Universidade de Mogi das Cruzes, Redemar Alevinos, APA Marinha do Litoral Norte Paulista e da Prefeitura Municipal de Ilhabela.

O Projeto Garoupa, um dos primeiros realizados no Brasil, foi contemplado pela Seleção Petrobras Ambiental em 2012. Além de produzir alevinos da espécie em cativeiro, a equipe faz o reconhecimento do seu habitat na natureza e avalia o potencial do repovoamento com a aplicação de chips para acompanhamento da sobrevivência no ambiente natural, via telemetria marinha para repor os estoques de pesca e evitar a extinção da espécie.

Para garantir a soltura das 20 mil garoupinhas em março de 2019, a Atevi está lançando uma campanha de financiamento coletivo na internet através dos sites www.atevi.org.br ou www.kickante.com.br/campanhas/garoupas-ao-mar.

Os interessados em visitar o laboratório onde os alevinos estão sendo criados, podem ligar para o telefone 12 981249903 e agendar data e horário.