Boiçucanga, praia da Costa Sul de São Sebastião, foi o local escolhido para receber a Ação Formativa do Projeto de Educação Ambiental (PEA) da Costa Verde, organização educadora que atende as condicionantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, para o licenciamento ambiental dos empreendimentos marítimos da Petrobras na Bacia de Santos.

O  PEA Costa Verde, tem como objetivo desenvolver processo educativo voltado  para o fortalecimento das comunidades que exercem a pesca artesanal, contribuir para a participação qualificada na gestão socioambiental  e estimular a permanência  nos territórios onde vivem. O PEA , que  atua em 69 comunidades do litoral sul do Rio de Janeiro (Angra, Mangaratiba e Paraty) até o litoral norte de São Paulo (Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela), atendendo a milhares de pescadores, na noite do dia 26 de novembro, reuniu cerca de 40 profissionais da Costa Sul de São Sebastião para ouvi-los, conhecer e debater a História de Luta e Organização Social para Permanência no Território Caiçara.

Nesse sentido, segundo os educadores, o encontro realizado em Boiçucanga atendeu o objetivo.

Por meio de roda de conversa, os participantes contaram um pouco da história de luta dos pescadores de Boiçucanga nos últimos 40 anos, após a construção da Rodovia Rio-Santos. A partir desse diálogo, os presentes chegaram à conclusão de que as conquistas não vêm do acaso, mas são resultado do histórico de lutas. Para eles, é necessária a união dos pescadores e da comunidade em defesa do território caiçara e seria muito importante para o município a criação de uma “Escola do Mar” para dar continuidade à cultura caiçara e sua transmissão para as próximas gerações.

A caiçara Lavínia Matos contribuiu com um diálogo sobre a história local e o resgate das conquistas alcançadas pelos pescadores e pela Sociedade de Amigos de Boiçucanga, entidade da qual foi presidente e que era muito atuante nas décadas de 80 e 90. O presidente da Associação de Pescadores de Boiçucanga, José Carlos dos Santos, também lembrou dos momentos de resistência, luta e conquista dos pescadores para manter o território pesqueiro e preservar o Rio Boiçucanga.

Ao conhecerem a história de luta caiçara em Boiçucanga, os pescadores da Enseada e Pontal da Cruz também falaram+ sobre a realidade que vivem. “Por meio de encontros como este, o PEA tem permitido que os pescadores da região possam se aproximar mais e trocar experiências. Assim, podemos perceber que existem dificuldades parecidas e várias iniciativas para supera-las”, ressaltou Eliseu Comodoro, pescador da Enseada.

Para o pescador Natel Alves de Oliveira, do Pontal da Cruz, conhecer as histórias sobre conquistas dos pescadores e moradores da Costa Sul foi muito significativo porque a luta da comunidade pela sua preservação é um grande exemplo que precisa ser respeitado para valorizar a memória cultural.

Ao final da Ação Formativa, a equipe do PEA, da qual fazem parte o coordenador Gabriel Solero e os educadores Alexandre Arten, Ericka Liz e Lindomar dos Santos, fez um resumo das principais reflexões colocadas pelos presentes. “Seja qual for o local ou comunidade, as lutas sempre existirão e a resolução delas não ocorrerá do nada. Para mudar a realidade é necessária uma mobilização, reflexão sobre a realidade, preparação por meio de capacitação ou busca de parcerias e organização social