Projeto de Monitoramento das Praias da Bacia de Santos,mantém atividades em meio à pandemia.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), das quais também fazem parte todas as praias de São Sebastião, iniciou suas atividades em 2015 com o objetivo de avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo na Bacia de Santos sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. Diariamente equipes percorrem mais de 1.500 km da costa litorânea que está dividida em PMP-BS Área SC/PR (com execução coordenada pela Univali), PMP-BS Área SP (com execução coordenada pela empresa Mineral) e PMP-BS Área RJ (com execução coordenada pela empresa Econservation).
O projeto conta com uma rede de atendimento veterinário, ao longo do litoral sul e sudeste, composto por Unidades de Estabilização e Centros de Reabilitação e Despetrolização. São nestes locais que os animais resgatados vivos são encaminhados para receberem tratamento e, quando estiverem novamente saudáveis, serem reintroduzidos novamente à natureza.
Já os animais encontrados mortos, também são de extrema importância para o projeto. É a partir da análise das carcaças que a causa de morte dos animais é diagnosticada. O estudo dos tecidos, a pesquisa de patógenos e quantificação de contaminantes permite inferir a saúde prévia dos indivíduos e as causas relacionadas ao óbito. “As carcaças também fornecem informações relevantes sobre vários aspectos da biologia e anatomia dos animais, sendo possível determinar idade, sexo, estado reprodutivo, dieta, entre outras informações fundamentais para o manejo e conservação das espécies estudadas”, explica Claudia Carvalho do Nascimento, médica veterinária e responsável pela coordenação veterinária do PMP-BS Área SP.
Diante da pandemia do Coronavírus, as equipes do PMP-BS precisaram modificar o modo de atendimento a animais e monitoramento das praias. Estas alterações foram pautadas nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) no que diz respeito a prevenção da COVID-19, considerando a segurança e saúde de todos os integrantes da equipe executora e também da população em geral. Todas as ações de educação ambiental, bem como ações de divulgação ou quaisquer outra que possam gerar contato social, foram suspensas até que a situação seja normalizada. Boa parte dos colaboradores estão trabalhando remotamente e o monitoramento regular foi mantido, sendo suspenso apenas nas praias onde as condições de segurança ou operacionais não permitem a execução com um único técnico ou onde as comunidades isolaram o acesso à praia. “O monitoramento foi individualizado. Os técnicos e monitores de campo estão realizando o monitoramento das praias e retornado para suas residências. Nas unidades de atendimento veterinário, as equipes estão reduzidas a fim de evitar a concentração de pessoas e o compartilhamento de ambientes, mas garantimos o tratamento dos animais que estão em reabilitação e a realização de necropsia das carcaças”, afirma Daphne Wrobel, médica veterinária e responsável pela coordenação veterinária do PMP-BS Área RJ.
Outro ponto em destaque neste plano de contingência em resposta à pandemia da COVID-19, diz respeito justamente as análises nas carcaças dos animais encontrados mortos. Foram priorizadas as análises em carcaças frescas, das quais é possível levantar informações mais apuradas sobre as causas do óbito. Além disso, nestas também se pode coletar amostras para a quantificação de contaminantes, essencial para avaliar impactos de atividades humanas sobre a fauna marinha. É válido ressaltar, no entanto, que carcaças em estado avançado de decomposição também são extremamente importantes para a compreensão de vários aspectos biológicos dos animais, e que a priorização temporária das mais frescas se deu apenas para preservar os estoques de luvas e máscaras das instituições, uma vez que para atender a cada carcaça as equipes precisa destes materiais, e tem sido difícil obtê-los no mercado, devido à grande demanda. Para não haver recontagem estes animais, eles são marcados e em alguns casos enterrados ou deixados em locais pré-determinados para descarte, seguindo as orientações do Ibama. “Todos precisam lembrar que estes animais mortos fazem parte do ciclo natural, servindo como alimento para diversas espécies, como urubus, gaivotas e animais que vivem nas praias”, comenta André Barreto, coordenador da Área SC/PR.
Os acionamentos via telefone (0800 642 33 41 para Área SP e Área SC/PR e 0800 999 5151 para Área RJ) continuam funcionando normalmente, porém a prioridade são animais vivos debilitados. Em casos de animais mortos, devido às medidas de segurança adotadas, o informante é orientado a deixar a carcaça no local do encalhe para que a equipe do monitoramento recolha no dia seguinte e nos casos onde existe o serviço de limpeza pública urbana, acionamos para fazer o recolhimento e destinação do animal.
O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos.
Deixe uma resposta