Jornalistas constatam sucateamento em prédios públicos

Uma prefeitura sucateada. Assim o ex-prefeito Ernane Primazzi entregou o Poder Executivo do município para o novo prefeito Felipe Augusto (PSDB). Foi o resultado in loco vista de perto após um press tour feito com jornalistas da cidade na manhã desta quinta-feira (5).

O grupo saiu da sede principal da prefeitura por volta de 9h passando por prédios importantes do governo entre os bairros Topolândia e Centro. Os profissionais da imprensa foram acompanhados pelo novo secretário adjunto de governo Ângelo Neto e pelo assessor de comunicação César Rodrigues. “O objetivo é que vocês vejam como estão os imóveis com o olhar de vocês sem interferência política partidária”, disse Rodrigues. 

De fato. Nem a interferência partidária, caso fosse imposta, mudaria o quadro de abandono que estão os locais. O mais crítico, talvez até por ser o mais novo, a recém-inaugurada UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na região central, perto do Cemitério, funcionou por apenas quatro dias desde que abriu no último dia 29 de dezembro. Após uma série de adiamentos a inauguração da unidade ocorreu no fim da gestão Ernane. Poderia ter sido a ‘cerejinha do bolo’ no bom sentido para fechar uma administração marcada por tumultos. Mas não. Uma breve caminhada pelos corredores da unidade e é pos

Melhorias serão realizadas o mais breve possível

sível ver a utilização de materiais inadequados, falta de ventilação, alagamentos, entre outros problemas graves na construção do imóvel que custou mais de R$ 1,9milhão. “O secretario de obras Gilson Mendes já esteve visitando o prédio com sua equipe para detectar os problemas e efetuar as melhorias o mais rápido possível”, explicou a nova diretora técnica do Hospital de Clínicas, que é ligado a UPA, Luciana Rocha de Paula Correa.

Ela acompanhou os jornalistas mostrando os detalhes no prédio que precisam de reforma. São muitos. Em uma sala de observação, por exemplo, onde os pacientes em tratamento seriam monitorados as cadeiras são confortáveis, mas não existe divisória entre uma e outra. “O aparelho de ar condicionado que foi instalado é domestico. O aparelho hospitalar renova a circulação do ar de oito em oito horas para que não ocorram infecções. Sem ele, seria necessário que a janela da sala seja aberta para a circulação do ar, precisaríamos de uma funcionaria só para abrir a janela”, explicou a diretora. Além disso, falta água nos bebedouros, na pia dos banheiros, os banheiros também não possuem ralos e a água não tem por onde escoar. Em uma das salas de emergência também faltam galões de oxigênio. As atividades na UPA estão suspensas preventivamente sem previsão de retorno. “Por enquanto não tem condições de funcionar”, garante a diretora.

São inúmeras irregularidades que precisam ser revistas. Na sala de medicação, está vazando água do ar condicionado junto aos medicamentos. Sala de gesso, escritórios, sala de isolamento entre outras permanecem fechadas. O gerador de energia alternativa, para utilização em caso de falta de energia elétrica, não está funcionando em razão de irregularidades na sua instalação. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, apesar de todos os problemas no novo prédio e do fechamento provisório o atendimento aos pacientes não será prejudicado voltando a ser feito no Pronto-Socorro anexo ao Hospital de Clinicas. Outros prédios Além da U

Material em estado de abandono foi observado no tour dos jornalistas

PA, o tour com os jornalistas ainda passou pelo CIP (Centro Integrado Profissionalizante) da Topolândia, bairro que concentra a maioria da população em situação de vulnerabilidade social na cidade. O CIP era para ser uma espécie de escola técnica oferecendo cursos profissionalizantes em convênio com o Senai. Mas o que se vê hoje é um grande galpão servindo de depósito de materiais não mais utilizados como mesas, colchões, luminárias e cadeiras e uma estrutura antiga que deveria servir para aprendizagem de cozinha industrial. “A Câmara fria virou deposito, não funciona”, disse o secretario de governo Ângelo Neto.

O CIP começou a funcionar na gestão do prefeito Juan Garcia em 2008 e, de lá para cá, foi sendo abandonado gradativamente. O mato alto também toma conta do terreno. “Quando chove entra água pela telha e transborda no chão”, contou um funcionário. Nos almoxarifados da prefeitura, no centro, o abandono continua. Lá, o maior inconveniente é o calor. Os funcionários sofrem para trabalhar no setor que tem telhado de brasilit, em prédio de concreto com pouca ventilação. No almoxarifado da Saúde, o armazenamento dos remédios não é feito corretamente. Deveriam ser conservados em uma temperatura média em torno dos 28 graus. Mas em dias quentes do alto verão a temperatura bate os 40 graus no local. “Não podemos garantir a eficácia do tratamento”, comentou Gilmara Reste, que atendeu a reportagem no setor. Por Marcello Veríssimo