Sob clamor popular, começa digitalização de acervo do Imprensa Livre e outros jornais antigos
Por Marcello Veríssimo
Um passo importante pela valorização do jornalismo e memória dos jornalistas que ajudaram a construir a história da imprensa do Litoral Norte Paulista foi dado em São Sebastião. Desde agosto, a prefeitura, por meio da Fundação Cultural Deodato Santana, deu o start no processo de digitalização do acervo do extinto e saudoso jornal Imprensa Livre, até hoje o único jornal diário que a região já teve. A redação do IL funcionava na rua Mansueto Pierotti, em São Sebastião, sendo berço da maioria dos jornalistas que iniciaram a carreira no litoral.
A operação começou depois que reportagens na imprensa revelaram a situação crítica em que edições físicas do jornal estavam incitando uma espécie de coletivo, formado por jornalistas da velha guarda sebastianense, que promoveram um abaixo-assinado com mais de 200 assinaturas. “Em 28 de julho enviamos oficio ao prefeito, FUNDASS e Câmara Municipal solicitando a urgente digitalização e indexação do acervo do jornal Imprensa Livre. O acervo, ainda em papel, está guardado no arquivo histórico desde 2017. Um mês depois enviamos um segundo oficio cobrando estas providências que permitirão disponibilizar o material na internet para pesquisa. Esta semana, finalmente, recebemos do presidente da FUNDASS, Cristiano Teixeira, a boa notícia de que a digitalização estava em curso”, comemora Raquel Salgado, jornalista que trabalhou como repórter no Imprensa Livre. “É uma vitória do nosso movimento formado por quase 200 pessoas, entre jornalistas e moradores. Um primeiro passo importante para a preservação de 30 anos da história do Litoral Norte”.
De acordo com Raquel Salgado, uma das mais importantes jornalistas da região, agora eles solicitam aos vereadores que incluam no orçamento do próximo ano uma emenda garantindo recursos para a indexação, visando disponibilizar o material na internet para pesquisa. “Esperamos sensibilizar o prefeito para que não vete esta emenda”.
A digitalização acontece na sede do Arquivo Histórico Municipal, na Rua da Praia, região central do município, onde o acervo físico está guardado. Neste primeiro momento, a intenção do responsável pelo trabalho, Eniel Lourenço, chefe de Patrimônio e Museus do município, é digitalizar todo o material que conta com edições em papel desde 1986, ainda como “Chip News”, nome do jornal tablóide que antecedeu o Imprensa Livre – até agora, segundo ele, foram digitalizadas 2 mil edições com cerca de 20 mil páginas com arquivos de até 8 gigas, garantindo assim a qualidade de leitura das páginas em papel nos atuais dispositivos eletrônicos. Pelo cálculo de Lourenço, em média, o acervo conta com 325 mil páginas. A previsão inicial é que o acervo esteja digitalizado até o final deste ano. “É um trabalho de carinho, capricho, cuidado, manual, página por página, mas com uma qualidade que nem os grandes jornais do estado têm”, diz Lourenço.
Depois, explica Eniel, a ideia é fazer com que o acervo fique disponível na internet, em uma plataforma, que facilite o acesso de todos ao material, tão rico na história factual de São Sebastião e das demais cidades da região. “Precisamos criar um site que possamos ter todo esse material [edições em papel] no online para não perder o ciclo da história”. Além do Imprensa Livre e Chip News, posteriormente, a intenção é digitalizar também outros jornais que fizeram história em São Sebastião, entre eles “O Bandeirante”, que existe desde a década de 50 e foi um dos primeiros periódicos do município. Em um importante trabalho de resgate histórico, o Arquivo Histórico Municipal também conserva algumas edições em papel deste importante veículo de comunicação local, que marcou época na cidade.
Atual presidente da Câmara de São Sebastião, o vereador José Reis (PODEMOS), que recebeu o ofício e se solidarizou com a causa dos jornalistas, disse que ficou satisfeito em ajudar. “Estamos felizes pelo avanço na digitalização do acervo do jornal Imprensa Livre. Faremos o possível para que todo o processo seja concluído e que, em breve, esteja disponível para acesso de toda a população do Litoral Norte”.
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